16 de jun. de 2012

Resenha | Clube da Luta

O livro Clube da Luta foi originalmente publicado em 1996 e desde então o autor Chuck Palahniuk passou a ser um escritor mundialmente conhecido e exaltado, com milhares seguidores fervorosos. Toda a "febre" teve seu ápice no lançamento da adaptação para o cinema em 1999, com Brad Pitt e Edward Norton. Mesmo um fracasso nas bilheterias, o filme dirigido por David Fincher (A Rede Social) também passou a ser cultuado, dando margem até a trabalhos acadêmicos a artigos em grandes páginas da internet. Passados todos esses anos, cresci ao lado de pessoas que sempre me indicavam o filme que, mesmo sendo um cinéfilo de carteirinha, ainda não tinha assistido. Bem, como um bom bookaholic, resolvi ler o livro primeiro.

Ao ler conheci o protagonista dessa insana viagem de autoconhecimento e autodestruição. Com problemas de insônia, ele vai ao médico tentar encontrar uma solução; porém seu médico recusa a medicação e o recomenda a descobrir o que é realmente o sofrimento - em grupos de apoio a doentes mais graves. Lá, encontra um alívio para sua insônia e liberta-se emocionalmente, vendo pessoas mais sofridas e se sentindo melhor comparada a elas. Viciado nessa experiência, conhece Marla Singer, que também não está doente, mas o perturba por estar nos mesmos grupos que o dele. Enquanto isso, conhece Tyler Durren, um vendedor de sabão que o apoia em um momento de desespero e juntos iniciam o clube da luta, onde a experiência de sentir-se destruído os tornam mais vivos e humanos.

Posso dizer que a leitura foi como um todo extremamente confusa e perturbadora. Confusa no sentido do autor ter um estilo bem diferente do que eu costumeiramente leio, o que considero algo bom, pois assim os meus padrões literários mudam e o "novo" é sempre algo importante de se conhecer. Perturbadora no sentido de Chuck ressaltar em sua obra dilemas que nós como humanos temos e nem imaginamos que pensamos nisso: os padrões de vida, o consumismo, a publicidade criada para iludir, a morte como algo inevitável e o fato de você simplesmente viver e funcionar numa sociedade para o fim de apenas "servir", como um parafuso qualquer, sem uma grande importância para a sociedade. O que Tyler Durren nos afirma e ensina dói, mas não deixa de ser verdade.

"Apenas na morte mereceremos nosso nome verdadeiro, pois apenas na morte não seremos mais parte do esforço conjunto. Na morte nos tornamos heróis." - Clube da Luta, p. 221.

Queria descobrir qual o sentido de todo esse fenômenos cult que Clube da Luta se tornou. Queria descobrir o que tantas pessoas se impressionaram e viraram fãs, ao ponto de até criarem seus próprios clubes da luta. Bem, após ler e ver o filme descobri e ao mesmo tempo não. Tanto o livro como o filme te dão a sensação de agonia e dualidade proposto. O foco não está em uma história cronológica, mas sim em o que cada personagem representa e nos ensina. Existe toda uma filosofia implícita e explicitamente intacta, mesmo que o autor chegue a negar (como lemos ao final do livro, em seu posfácio) e isso é extremamente difícil de colocar em palavras mais exatas. Só mesmo tendo lido o livro para entender (ou não) o que esse livro representa.

Com velocidade na escrita, que chegou até a me perturbar em vários momentos da leitura, e um vocabulário sem censura, o autor criou uma obra única e extremamente recomendada, porém não senti aquela magia toda que me repassaram. Será que foi a alta expectativa? Não sei, pode ter sido. A leitura foi complicada em questão de fluidez dada a forma como o autor escreve, colocando histórias dentro de histórias e explicando coisas tempos depois de terem sido citadas. Nos sentimos perdidos a cada começo de capítulo, mas ao chegar no final tudo faz sentido e se encaixa de modo surpreendente. Mesmo suspeitando do final, fiquei impressionado com o seu desfecho e sua mensagem. É o tipo do livro que vou deixar guardado para daqui a, quem sabe, quatro ou cinco anos reler, e ter muito mais o que aprender. Quer ter uma experiência insana e empolgante? Leia.