4 de fev. de 2012

Resenha | Sussurros de uma garota apaixonada

Dizem por aí que antes de você morrer tem que fazer três coisas: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Porém, tudo ao seu tempo. Plantar uma árvore é bacana, um bem para o planeta; ter um filho significa legado, parte de você ainda vai viver quando chegar a hora de partir e escrever um livro, bem, pode ser incrível ou pode ser um total desastre. É preciso reconhecer em si a competência, responsabilidade e principalmente talento, não apenas ter em mãos uma boa história com premissas interessantes. Creio que a autora Mandy Porto se equivocou; poderíamos ter ficado sem Sussurros de uma Garota Apaixonada e a ter conhecido mais tarde, ou num futuro próximo, quem sabe.

O livro, narrado a maior parte pela protagonista, conta a história de Brooke, uma garota recém-chegada na universidade de Stanford para cursar Medicina. Logo em sua chegada conhece Danny, um playboy metido que esbarra na garota e de cara já se estranham. Semanas depois Danny é assassinado por um serial killer e volta como fantasma surgindo apenas para Brooke. Cabe a ela lutar contra seus sentimentos de repúdio e ajudar Danny a descobrir quem é o tal assassino. E claro, luta contra o amor que surge por um ser do além.

Não esperava muita coisa boa vindo de uma premissa simples e clichê, porém tinha esperanças que a história se desenvolvesse de forma com quem me surpreendesse; o que não aconteceu. Personagens superficiais que chegam a dar repúdio, e elos de amizade e amor que nunca existiram se apresentam no meio e no fim do livro, parecendo que pulamos cinco ou seis capítulos. Brooke se apaixona pelo cara arrogante e estúpido em aproximadamente meia página. O fantasma Danny volta arrependido de suas atitudes e é logo perdoado. Essas coisas a gente não consegue engolir durante a leitura.

Se os problemas fossem somente na história em si, eu até toleraria, afinal a história ou o desfecho dela é pessoal e cabe cada um avaliar. Mas, um ponto que não posso esquecer é a escrita fraca e simplória de Mandy Porto. Senti que a autora é uma leitora assídua acima de tudo e com isso passou a pegar elementos de outros autores e apresentar em seu texto, deixando-o sem nenhuma identidade. Inspiração não serve de desculpa nesse caso, vejo alternativas mais "fáceis" de escrita. Por que tentar ser Stephenie Meyer, Meg Cabot, J.K. Rowling e simplesmente ser Mandy Porto?

Frases feitas, diálogos totalmente desnecessários e uma bipolaridade tremenda na história fazem desse livro, infelizmente, uma das minhas piores leituras. Se a autora tivesse a maturidade de escrever esse livro com responsabilidade, visando um público definido e com uma carga maior de conhecimentos e trabalho na escrita, talvez o resultado poderia ter sido , no mínimo, agradável.