4 de jun. de 2012

Resenha | @mor

Tudo aquilo que é novo, muitas vezes me assusta. Ao conhecer mais detalhes do livro @mor percebi que teria que encontrar sentimentos para encarar um livro tão inusitadamente diferente. A começar pelo título: sim, chama-se Amor, mas o "a" é uma arroba, tudo a ver com a história, mas é estranho, não? Enfim, o livro trata-se de e-mails. Apenas e-mails. E toda uma história é desenvolvida. Quer saber como? Vamos lá!

Tudo começa com um e-mail endereçado erradamente por Emmi Rothner a Leo Leike. Os dois acabam trocando farpas a princípio mas ao passo que vão se comunicando, as conversas vão crescendo e tomando outras formas. Não vou descrever como e quando isso acontece porquê essa dúvida só pode ser esclarecida no momento da leitura, e isso é um dos pontos altos do livro. 

É genial a forma como o autor leva a história - e tudo é transmitido por e-mails! Se contar uma história através de uma narrativa normal já é um grande desafio, imagina por uma ferramenta às vezes tão impessoal e fria. E Daniel Glattauer consegue, graças à sua  maestria com as palavras e assuntos bem colocados. Os e-mails tem temas, questionamentos, conflitos, brigas, reconciliações e tudo mais que uma história de amor poderia ter; mas o modo como nos é apresentado é ousado: ao ler os e-mails, lemos a visão dos dois personagens e ao mesmo tempo lemos o que cada um tem a dizer para o outro, como se invadíssemos a extrema intimidade de suas caixas de entrada em seus e-mails. 

Mas temos que lembrar que é um diálogo, e nem sempre cada um é 100% aquilo que é escrito por eles, afinal eles estão se conhecendo e se descobrindo. É tão íntimo e ao mesmo tempo tão distante; é tão verdadeiro que às vezes chega a soar falso. Fazemos os papel dos dois personagens ao mesmo tempo: ficamos empolgados quando eles se empolgam, rimos quando eles riem, choramos quando eles choras, sofremos quando eles sofrem. A conexão que os e-mails trazem é surpreendente e realmente, tenho que bater palmas a uma ideia tão brilhante.

Apesar de ser uma história interessante, curiosa e inteligente, o clima demora a acontecer. Senti que o autor se reprimiu durante o início do livro e deixou-se prolongar demais. As conversas rápidas tornam a leitura ágil, mas sabe quando a história meio que se arrasta? Pois é, as primeiras páginas tornaram-se repetitivas demais pra mim, porém o crescimento e o final (QUE FINAL!) me fizeram simpatizar novamente pelo livro. Então, não desista. Dica!

O que é uma relação real? Será que o amor só existe quando estamos do lado dela? O que vale mais: um sorriso bonito ou a maior declaração de amor em um singelo e-mail? Leia @mor e reflita sobre os verdadeiros laços de afeto, sejam eles visíveis ou não.